terça-feira, 19 de janeiro de 2010




" Se por um instante Deus se esquecesse de que sou uma marioneta de trapos

e me presenteasse com mais um pedaço de vida, eu aproveitaria esse tempo o mais que pudesse...

Possivelmente não diria tudo o que penso,

mas definitivamente pensaria tudo o que digo.

Daria valor às coisas, não por aquilo que valem,mas pelo que significam.

Dormiria pouco, sonharia mais,

porque entendo que por cada minuto que fechamos os olhos,perdemos sessenta segundos de luz.


Andaria quando os demais se detivessem,

acordaria quando os demais dormissem.

Aos homens,

eu provaria quão equivocados estão ao pensar que deixam de se enamorar quando envelhecem,

sem saberem que envelhecem quando deixam de se enamorar...

Aos velhos ensinaria que a morte não chega com o fim da vida,

mas sim com o esquecimento.

Aprendi que quando um recém nascido aperta com a sua pequena mão,

pela primeira vez, o dedo do seu pai, agarrou-o para sempre.

Aprendi que um homem só tem direito a olhar o outro de cima para baixo,

quando está a ajudá-lo a levantar-se.


Eu acredito na continuidade das coisas que amamos,

acredito

que para sempre ouviremos o som da água no rio onde tantas vezes mergulhámos a cara,

para sempre passaremos pela sombra da árvore onde tantas vezes parámos,

para sempre seremos a brisa que entra e passeia pela casa,

para sempre deslizaremos através do silêncio das noites quietas

em que tantas vezes olhámos o céu e interrogámos o seu sentido.


Acredito na eternidade das pedras e não na dos sentimentos.

Acredito na integridade da água, do vento, das estrelas.

Eu acredito na continuidade das coisas que amamos.

Nisto eu acredito: na veemência destas coisas sem princípio nem fim,

na verdade dos sentimentos nunca traídos.

E de novo acredito que nada do que é importante se perde verdadeiramente.

Apenas nos iludimos,

julgando ser donos das coisas,

dos instantes e dos outros.


Comigo caminham todos os mortos que amei,

todos os amigos que se afastaram,

todos os dias felizes que se apagaram."



(Desconheço o autor)





" Que a força do medo que tenho

Não me impeça de ver o que anseio

Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca

Porque metade de mim é o que eu grito
Mas a outra metade é silêncio.

Que a música que ouço ao longe
Seja linda ainda que triste

Que quem amo seja para sempre amado
Mesmo que distante...

Porque metade de mim é partida
Mas a outra metade é saudade.

Que as palavras que eu falo
Não sejam ouvidas como prece,
nem repetidas com fervor
Apenas respeitadas


Como a única coisa que resta a alguém inundado de sentimentos

Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo.

Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que eu mereço

Que essa tensão que me corroí por dentro
Seja um dia recompensada


Porque metade de mim é o que eu penso
mas a outra metade é um vulcão.

Que o medo da solidão se afaste,
e que o convívio comigo mesma se torne ao menos suportável.

Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso
Que eu me lembro ter dado na infância

Porque metade de mim é a lembrança do que fui
A outra metade eu não sei.

Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
Para me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais
Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço.

Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
Porque metade de mim é platéia
E a outra metade é canção.

E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade também. "



Adaptação; " palavras anónimas "

sábado, 9 de janeiro de 2010

Cada sonho, um degrau...






" Viver é sonhar,
decidir,
perder ou vencer

É desistir ou retornar
É crescer sem aparecer,
É uma grande história de amor.

Viver é uma aventura tão louca
Cada dia, um dia,
Cada sorriso, um sorriso,
Cada pessoa, um mundo,

Cada sonho, um degrau,
Cada passo um risco,
Cada erro uma oportunidade de aprender.

Viver é sempre demais...
É sempre vantagens,
É sempre seguir forte.
É sorrir por teimosia
Ou não disfarçar a alegria.

É ter certeza de que valeu a pena...

...Valeu a pena viver!! "



Totty

Every body nkow's that...

" O que queremos"





" Dinheiro? Status? Poder? Um corpo novo, que consiga fintar a decadência? Começas um ano novo e logo te interrogas. Que queres tu afinal, se pudesses escolher. Aposto que multiplicas por mil as cem promessas que fizeste por esta altura, no ano passado, e no ano anterior a esse. Que vais conseguir demonstrar não sei o quê no emprego, que te vais empenhar a fundo, que vais melhorar, que hão-de reparar em ti. Que os teus filhos hão-de ter tudo a que têm direito, e que as publicidades te convencem que precisam. Que o progresso é para aproveitar, e portanto essas rugas vão a vida, que ha uma clinica da qual te falam muito bem, que hás-de dar um geito nos pneuzinhos, nos dentes, no nariz, nas sobrancelhas, ainda que ja não sejas tu quem sairá de lá, mas uma outra coisa te convenceste que querias ser. Mais viajens, jantares, sapatos novos, uma blusa que namoras há tanto.


Cada ano que passa suspiras pelo futuro, planeias, apostas que o futuro será teu. A cada ano, por esta altura, esqueces-te, talvez, de recordar um pensamento pequeno, despercebido, que deixou um dia um musico que assassinaram de forma estupida, um musico que ja não te dirá nada, porque achas que ja não tens nada a aprender. Que disse muito simplesmente que a vida é aquilo que nos acontece quando estamos muito ocupados a fazer planos. Não ha como a idade para te colocar as coisas em perspectiva. Para perceberes que não há tempo nem futuro que te valham, se não agarrares este momento que tens entre os dedos.


Eu, vocês, os nossos amigos, os nossos vizinhos, queremos afinal muito pouco. Muito pouco comparado com o que nos fazem crer que desejamos. Uma oportunidade, uma chance pequenina, de experimentarmos a maravilha de sermos de alguem, e sabermos que alguem quer ser nosso.


 E por momentos, nem que seja por um momento, saborear o espanto de conseguirmos esquecer-nos de nós, por um momento,
que seja um pequeno momento,
imaginarmos que ao nosso lado um outro coração corre à mesma velocidade serena, ansioso por chegar ao mesmo lugar, onde nos espera um mesmo destino,
 por um momento,
 um momento simples,
pequeno se quiseres, que te garante estares vivo,
porque alguém te deseja vivo, ao teu lado, a tocar-te ao de leve, apenas o suficiente para saberes que não estás só, que não estás só neste momento,
esse pequeno, irrepetivel momento,
em que o caminho nos parece suave, em que podes, por segundos, fechar os olhos e abrir os braços, seguro que alguém te irá segurar na queda, subitamente leve numa relva fresca, os pés numa madeira lisa e limpa, num suave fio de agua, tranquilo por um momento,
amado por um momento,
que provavelmente não se repetirá, mas que não trocarias por nada,
nessa absoluta necessidade,
enquanto houver um sopro de vida,
apesar do medo,
 apesar das regras,
das probabilidades,
das mais-que-evidentes-certezas,
esse momento, esse singelo, pequeno, inesperado momento,
em que finalmente nos cicatrizam todas as feridas de uma existencia aflita. "




Rodrigo Guedes de Carvalho


sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Lei de Lavoisier






  Lavoisier disse um dia que: "Na natureza nada se perde, tudo se transforma..."



 No fim de cada frase... existirá sempre o recomeço de uma nova...

Votos de um excelente 2010.
Que este novo ano que agora se inícia, nesta constante, mutação que é a vida,
se concretizem de alguma forma os nossos mais sinceros e profundos desejos...

Felicidades e obrigado a todos os que acompanham este blog.

Feiticeira


" O Fortuna
Velut luna
Statu variabilis,

semper crescis aut decrescis;
vita detestabilis

nunc obdurat et tunc curat

ludo mentis aciem,
egestatem,
potestatem
dissolvit ut glaciem.

II
Sors immanis et inanis,
rota tu volubilis,

status malus,
vana salus
semper dissolubilis,

obumbrata et velata

michi quoque niteris ;

nunc per ludum
dorsum nudum
fero tui sceleris.

III

Sors salutis et virtutis
michi nunc contraria,

est affectus et defectus

semper in angaria.
Hac in hora
Sine mora

corde pulsum tangite ;
quod per sortem
sternit fortem, sternit fortem,

mecum omnes plangite !



(CARMINA BURANA, 1994: 32 e 34.)





Ó Fortuna
como a lua mutável
sempre aumentas e diminuis
essa vida detestável
ora nos maltrata
nossos mais extravagantes desejos

a miséria
e o poder
Ela funde como gelo.

II
Sorte monstruosa e estúpida
em tua roda que gira
sucedem-se a doença
e a enganosa saúde sempre dissolúvel

nebulosa e velada
conspiras também contra mim
para pegar-me em peça
meu dorso nu
Está exposto aos teus golpes

III
a sorte da saúde
e a força
agora me é hostil
ela me trata
e me maltrata
Segundo sua fantasia
nesta hora sem demora
fazei vibrar as cordas
porque a sorte
abate o forte
chorai todos comigo !

Camina Burana por  Carl Orff

 Os carmina burana ( do latim carmen,ìnis 'canto, cantiga; e bura(m), em latim vulgar 'pano grosseiro de lã', geralmente escura; por metonímia, designa o hábito de frade ou freira feito com esse tecido) são textos poéticos contidos  num importante manuscrito do século XIII, o Codex Latinus Monacensis, encontrados durante a secularização de 1803, no convento de Benediktbeuern - a antiga Bura Sancti Benedicti, fundada por volta de 740 por São Bonifácio, nas proximidades de Bad Tölz, na Alta Baviera. O códex compreende 315 composições poéticas, em 112 folhas de pergaminho, decoradas com miniaturas. Actualmente o manuscrito encontra-se na Biblioteca Nacional de Munique.


Carl Orff, descendente de uma antiga família de eruditos e militares de Munique, teve acesso a esse códex de poesia medieval e arranjou alguns dos poemas em canções seculares para solistas e coro, "acompanhados de instrumentos e imagens mágicas.



In: http://pt.wikipedia.org/wiki/Carmina_Burana