quinta-feira, 30 de julho de 2009

" Saudade"




" Não é um vício, não, é uma vingança.

Acontece quando acordo a meio da noite e estico os braços à procura e não sei que estou só.

A cama é grande e só do meu lado está desfeita.

Acordo à procura do corpo que faz falta e só tenho o meu que está a mais.


Fecho os olhos, como se já não estivessem fechados, e o que está dentro de mim é uma ânsia. Então chegam imagens de um corpo antes de saber que é o dele.

Um corpo não, pedaços de um corpo, pequenas alucinações.


Duas mãos começam a agarrar-me as ancas e uma boca a bafejar-me a cara.

É ele que fala.

Ouço dizer-me as coisas que me diz e calo-me.

Ouço-o chamar os nomes que me chamam e eu vou.

Começo a desfazer-me para que me faça.

O corpo que eu toco não é de ninguém.

Quando não basta, repete, quando não basta repito.

E depois há uma coisa que vem de muito longe e não quer acabar de vir.

Vem a mim e eu não consigo ir a ela.

Estou comigo.

Não é um corpo, não.

É um fugir.

Um barulho.

Qualquer coisa assim que vem, que agarra e passa.

Um bicho.

Não é um corpo não, porque os não há.

Às vezes ouço-me gritar, ou julgar que grito e depois fico quieta como se corresse perigo.

Começo a pensar nele e acabo a pensar em mim,

os cabelos desfeitos,

uma ânsia sem fim. "




In: Vida de Adulto - Pedro Paixão


Robert Allen Zimmerman




Robert Allen Zimmerman, mais conhecido como Bob Dylan, nasceu em Duluth, a 24 de maio de 1941, cantor e compositor norte-americano,
nascido no estado de Minnesota e neto de imigrantes judeus-russos.
Aos dez anos de idade Dylan escreveu os seus primeiros poemas e,
ainda adolescente, aprendeu piano e guitarra sozinho.
Começou a cantar em grupos de rock, imitando Little Richard e Buddy Holly,
mas a sua entrada na Universidade de Mineapolis em 1959,
marca o inicio de uma carreira dedicada à folk music.

Uma pequena homenagem a um grande ícone
da cultura e musica folk norte-americana.

terça-feira, 28 de julho de 2009




Serão tuas estas palavras que se repetem?

serão lembranças minhas ou murmúrios teus?

O vento trouxe-me à lembrança o teu inconfundível aroma

A chuva teima em caír...

Assim como as minhas lagrimas teimosas, insistem em saír...


Lembro-me de ti...


E a primavera acontece...


sexta-feira, 24 de julho de 2009

Recordando...na voz de duas Divas




Louis Daniel Armstrong, Nasceu em New Orleans a 4 de agosto de 1901. Morre em Nova Iorque a 6 de julho de 1971, é considerado "a personificação do jazz".

A sua voz e personalidade indiscutivelmente inconfundíveis, conhecidas até por aqueles que não são aficcionados por jazz.

Louis Armstrong é um dos maiores expoentes do Jazz tanto como cantor como por primeiro grande solista, acompanhado pelo seu trompete.



*ver tb: http://pt.wikipedia.org/wiki/Louis_Armstrong

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Homenagem...



" Nasci no campo, onde se cruzavam os cheiros de flor
Do limoeiro

Com o de hortelã e o do estrume. Brinquei

Por entre o milho, queimei em fogueiras o rosmaninho,

Persegui lagartixas, cobras e ouriços, capturei e destruí
Escaravelhos,

Defendi as carochas, roubei ninhos com ovos e pássaros
Implumes,

Colhi cachos ainda verdes, desesperei pelo amadurecimento

Dos figos, das romãs e dos alperces,

Tingi-me com amoras, fui irmão das abelhas, discuti com o
Vento

E mais do que a erva e as árvores aproveitei-me da chuva.

Agora moro num quarto andar e tenho um automóvel tão

Sólido como a minha infelicidade,

Viajo às vezes entre as árvores, e colinas com árvores e
Planícies com árvores

Mas está tudo longe, fora do alcance, fugindo de mim

Rapidamente, em sentido contrário,

Com a mesma rapidez com que a infância me fugiu.

Sou hoje um cidadão da pedra e do betão. Os meus pés não

Pisam já o alecrim,

Os meus olhos não se habituam já ao escuro da noite para

Observar o voo dos morcegos,

Guardo uma ideia vaga de como era um arado, tenho
Saudades

De ver o meu pai descalço a regar morangos e abóboras.

O piar dos tentilhões e dos picanços foi substituído pelo
Ruído do tráfego,

O desajeitado voar das borboletas parece-me às vezes vê-lo
Nos papéis

Que o vento levanta do chão, levando-os daqui para acolá,

E a minha vida é vivida de forma a comemorar o dia disto
E o dia daquilo

Sem comemorar nunca o dia em que começa a primavera.

Bom dia!, diz-me o cliente. Bom dia!, diz-me o fornecedor.

Bom dia!, digo eu, sem dizer nada. "



in:Vou-me Embora de Mim - Joaquim Pessoa



sexta-feira, 17 de julho de 2009



" Até quando meus braços procurarão os teus


Quando terá minha alma descanso deste Amor sem espaço para existir


Mas que tanto me prende e faz sofrer


Procuro o teu olhar nos meus sonhos...


O teu colo em minhas fantasias


E ainda é contigo que faço amor sempre que adormeço


O cheiro da tua pele está entranhado em mim


O gosto dos teus lábios que os meus ainda não esqueceram


O calor de tua pele…


Enfim... todo o meu amor...por


... um sonho...!?! "



Que o infinito me ensine pelo menos a sofrer menos...


domingo, 12 de julho de 2009






"Parecia-me que a Terra não seria habitável


se não houvesse alguém que eu pudesse admirar"




Simone de Beauvoir

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Pela Humanidade...

Imagine...




"Imagina que não existe paraíso


É fácil se tentares


Nenhum inferno abaixo de nós


E acima apenas o céu


Imagina todas as pessoas Vivendo para o hoje


Imagina não existir países


Não é difícil de fazê-lo


Nada pelo que lutar ou morrer


E nenhuma religião também


Imagina todas as pessoas Vivendo a vida em paz


Talvez digas que eu sou um sonhador


Mas não sou o único


Desejo que um dia te junte a nós


E o mundo, então, será como um só


Imagina não existir posses


Surpreender-me-ia se conseguisses


Sem necessidades e fome


Uma irmandade humana


Imagina todas as pessoas Compartilhando o mundo...


Talvez digas que eu sou um sonhador


Mas não sou o único


Desejo que um dia te juntes a nós


E o mundo, então, será como um só"
Imagine (tradução)
John Lennon
Composição: John Lennon