sábado, 25 de abril de 2009

A proposito de Liberdade...




Eles não sabem que o sonho

É uma constante da vida

Tão concreta e definida

Como outra coisa qualquer
Como esta pedra cinzenta

Em que me sento e descanso

Como este ribeiro manso

Em serenos sobressaltos
Como estes pinheiros altos

Que em verde e oiro se agitam

Como estas aves que gritam

Em bebedeiras de azul
Eles não sabem que sonho

É vinho,

é espuma,

é fermento

Bichinho alacre e sedento

De focinho pontiagudo

Em perpétuo movimento
Eles não sabem que o sonho

É tela,

é cor,

é pincel

Base,

fuste

ou capitel

Arco em ogiva,

vitral,

Pináculo de catedral,

Contraponto,

sinfonia,

Máscara grega,

magia,

Que é retorta de alquimista
Mapa do mundo distante

Rosa dos ventos,

infante

Caravela quinhentista

Que é cabo da boa-esperança
Ouro,

canela,

marfim

Florete de espadachim

Bastidor,

passo de dança

Columbina e arlequim
Passarola voadora

Pára-raios,

locomotiva

Barco de proa festiva

Alto-forno,

geradora
Cisão do átomo,

radar

Ultra-som,

televisão

Desembarque em foguetão

Na superfície lunar
Eles não sabem nem sonham

Que o sonho comanda a vida

E que sempre que o homem sonha

O mundo pula e avança

Como bola colorida

Entre as mãos duma criança


Antonio Gedeão

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