sexta-feira, 19 de setembro de 2008

E sei, não te conheço, mas existes

E sei, não te conheço, mas existes.
por isso os deuses existem,
a solidão não existe
e apenas me doí a tua ausência como uma fogueira ou um grito.

Não me perguntes como, mas ainda me lembro quando no outono cresceram no meu peito
duas alegres laranjas que tu apertaste nas tuas mãos
e perfumaram depois a tua boca.

Eu sei, deixa-me inventar-te.
Não é um sonho juro,
são apenas as tuas mãos sobre a minha nudez
como uma sombra no deserto.
É apenas este rio que me percorre há muito e desagua em ti,
porque tu és o mar que acolhe os meus destroços.`´E apenas uma tristeza inadiável, uma outra maneira de habitares em todas as palavras do meu canto.

Tenho construído o teu nome com todas as coisas.
Tenho feito amor de muitas maneiras
docemente,
lentamente,
desesperadamente,
à tua procura
até me dar conta que estás em mim, que é em mim que devo procurar-te,
e tu apenas existes porque eu existo
e eu não estou só contigo
mas é contigo que eu quero ficar só..
porque... é a ti que eu AMO.


Joaquim Pessoa
(Adaptação)

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